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VIA ALGARVIANA
Características: Travessia do Algarve no sentido Este-Oeste De Alcoutim até ao Cabo de S. Vicente 300Km Data: Março 2014 |
por Maria da Conceição Grilo textos e fotos (all rights reserved) |
A Via Algarviana é um percurso pedestre de longa distância (300km), classificado como Grande Rota (GR13).
Inicia-se em Alcoutim, junto ao Guadiana e termina no Cabo de S. Vicente, em Vila do Bispo, passando pelas serras do Caldeirão e de Monchique. Desenvolve-se sobretudo, em zonas florestais e atravessa várias aldeias, onde ainda persistem muitas tradições do mundo rural.
Inicia-se em Alcoutim, junto ao Guadiana e termina no Cabo de S. Vicente, em Vila do Bispo, passando pelas serras do Caldeirão e de Monchique. Desenvolve-se sobretudo, em zonas florestais e atravessa várias aldeias, onde ainda persistem muitas tradições do mundo rural.
Etapas:
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Distâncias:
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Apesar da Via Algarviana não ter sido estabelecida com um propósito religioso, a verdade é que a sua origem mistura-se, em parte, com aquilo que foi conhecido como os “Caminhos de S. Vicente”, um itinerário do “Moçarabe” (sec. XI), traçado desde Alcoutim, Silves, e Lagos ao Promontório de Sagres ou Cabo de S. Vicente, numa extensão de 220 quilómetros.
Segundo a história, foi nesse local que as relíquias de São Vicente deram à costa, numa barca guardada por dois corvos, que a vigiaram desde Valência até à costa algarvia. Este acontecimento atribuiu um especial significado sagrado a este local daí o nome Promotorium sacrum, motivando as peregrinações ao mesmo.
Segundo a história, foi nesse local que as relíquias de São Vicente deram à costa, numa barca guardada por dois corvos, que a vigiaram desde Valência até à costa algarvia. Este acontecimento atribuiu um especial significado sagrado a este local daí o nome Promotorium sacrum, motivando as peregrinações ao mesmo.
Algumas fotos de detalhes que marcaram esta travessia:
- flora
- fauna
- amêndoas
- ruínas
- santinhas
- noras e tanques comunitários
- portas
Etapa 1: Alcoutim - Balurcos
Esta travessia do Algarve começa junto ao rio Guadiana no cais de Alcoutim, fronteira natural entre os 2 Países, do outro lado do rio avista-se a vila Espanhola, Sanlúcar de Guadiana.
Esta primeira etapa atravessa a vila e dirige-se para Norte. Desenvolve-se inicialmente, ao longo do Rio Guadiana, por um caminho plano, a baixa altitude, durante o qual se pode apreciar a beleza do vale por onda passa este grande curso de água.
A paisagem é dominada especialmente por espaços rurais de sequeiro (amendoeiras, figueiras, oliveiras).
A paisagem é dominada especialmente por espaços rurais de sequeiro (amendoeiras, figueiras, oliveiras).
O percurso em breve afasta-se do rio e orienta-se para Oeste até alcançar a aldeia de Corte Pereiras.
Menires do Lavajo
Monumento Megalítico do período neolítico, trata-se de um monólito talhado num bloco de Grauvaque, de cor cinzenta escura, com a superficie patinada de castanho. Tem um aspeto estelar, com secção elipsoidal e mede 3.14 m de altura, sendo, assim, o maior menir de grauvaque conhecido até hoje em Portugal
E chegámos a Corte Tabelião:
Final do trajecto da 1ª etapa: Balurcos.
Etapa 2: Balurcos - Furnazinhas
O 2º sector da Via Algarviana inicia-se em Balurcos, pequena aldeia do Concelho de Alcoutim. Do centro desta povoação, o itinerário conduz o caminhante para Sul, por caminhos rurais, muito deles ladeados por muros, que delimitam as pequenas propriedades onde ainda se mantém activa alguma agricultura de subsistência. O percurso decorre numa região inicialmente pouco acidentada, mas que em breve começa a revelar os traços típicos da serra algarvia, com os seus numerosos barrancos e linhas d’água.
Após a passagem junto da IC127, a paisagem começa pontualmente a salientar a presença da Ribeira da Foupana, o principal curso de água desta região e um dos mais bem preservados em todo o Algarve.
A passagem pela ribeira é uma aventura saudável e uma boa oportunidade de descanso. Após esta travessia, o percurso entra num bosque de azinho, com maior densidade de coberto arbustivo, chegando depois a Corte Velha, outra aldeia serrana.
A passagem pela ribeira é uma aventura saudável e uma boa oportunidade de descanso. Após esta travessia, o percurso entra num bosque de azinho, com maior densidade de coberto arbustivo, chegando depois a Corte Velha, outra aldeia serrana.
E por fim Furnazinhas:
Etapa 3: Furnazinhas - Vaqueiros
Encontrámos pequenos aglomerados habitacionais, alguns quase desabitados, como o caso de Monte Novo, junto da estrada nacional, um dos locais mais elevados da zona (215m). Seguiu-se Monte das Preguiças, onde existe uma pequena barragem e um excelente ponto de observação da região, Malfrades, uma aldeia tradicional ainda habitada e por fim, Vaqueiros, sede de freguesia.
Começou o petisco das amêndoas...
Chegou a agora de almoço e utilizámos como sombra mais um tanque comunitário, e a água foi-se buscar a esta nora, onde há que dar à manivela!
Chegámos ao fim da etapa - Vaqueiros.
Etapa 4: Vaqueiros - Cachopo
Passámos em alguns pequenos e simpáticos aglomerados habitacionais, nomeadamente Monchique, Amoreira, Casas Baixas e finalmente Cachopo. Em todas elas existem hortas em funcionamento, poços de roda, casario tradicional e muros de pedra ou valados a limitar os caminhos.
A simpatia das pessoas que aí vivem dão particular beleza a estes locais, onde as tradições rurais ainda estão bem presentes.
A simpatia das pessoas que aí vivem dão particular beleza a estes locais, onde as tradições rurais ainda estão bem presentes.
Etapa 5: Cachopo - Barranco do Velho
O percurso oferece uma paisagem espectacular, com barrancos fundos e inúmeros montes altos e arredondados.
A última parte da etapa até Barranco do Velho foi bastante dura, a etapa é longa e com desnível, até ao momento foi o dia mais duro da Via Algarviana. Antes de saber o que me esperava ainda brinquei com o nome da localidade anterior a Barranco do Velho, PARISES, afinal temos no plural, embora sem rio Sena :)
Etapa 6: Barranco do Velho - Salir
Esta etapa não se compara com a anterior, é muito mais fácil, muito menos desnível, muito menos Km.
O percurso está inserido em plena Serra do Caldeirão, com passagem por densos sobreirais e ricos matagais mediterrânicos, onde abundam os medronheiros, urzes e rosmaninhos.
A passagem pela ribeira do Rio Seco marca o início próximo do barrocal, onde se assiste a uma mudança na paisagem, sobretudo pela presença de extensos campos agrícolas de sequeiro. Surge aqui a possibilidade de fazer um desvio para visitar a aldeia de Querença, umas das mais típicas do Algarve.
Ribeira do Rio Seco:
Etapa 7: Salir - Alte
A 7ª etapa da Via Algarviana inicia-se em Salir, uma pequena aldeia situada no eixo central da EN124, onde o castelo em ruínas representa o elemento histórico mais relevante da povoação.
O percurso desenvolve-se muitas vezes ladeado por antigos muros de pedra, que ainda limitam hortas e propriedades rurais, e atravessa alguns aglomerados habitacionais, tais como Almarginho, Cerro de Baixo e Cerro de Cima. Neste itinerário, a presença de várias noras e outros engenhos hidráulicos é bastante interessante, sinal da intensa actividade agrícola que aí se praticava no passado.
O percurso desenvolve-se muitas vezes ladeado por antigos muros de pedra, que ainda limitam hortas e propriedades rurais, e atravessa alguns aglomerados habitacionais, tais como Almarginho, Cerro de Baixo e Cerro de Cima. Neste itinerário, a presença de várias noras e outros engenhos hidráulicos é bastante interessante, sinal da intensa actividade agrícola que aí se praticava no passado.
O itinerário atravessa Benafim, uma povoação que mantém a traça tradicional nas suas casas e ruas estreitas. Segue para Norte, passando por vários pomares de sequeiro característicos do Barrocal Algarvio e chega à ribeira do Freixo, onde ruma a oeste.
Antes de chegar à ribeira de Alte, percorre-se esta bonita azinhaga:
O sector termina acompanhando a Ribeira de Alte, chegando assim às Fontes Grande e Pequena, uma zona muito agradável para descansar, e que foi o nosso local para almoçar.
Mais adiante situa-se o centro de Alte, uma das aldeias mais típicas e belas da região.
Etapa 8: Alte - S.B.Messines
O percurso dirige-se até à aldeia da Torre, onde o artesanato ainda tem especial importância.
Foi nesta minúscula localidade que encontrámos o simpático casal inglês que ali reconstruiu uma ruína e fez a sua 2ª habitação e um pequeno turismo local. Aconselho este local para pernoitar, é encantador! (Algarviana Cottages, email: [email protected])
Foi nesta minúscula localidade que encontrámos o simpático casal inglês que ali reconstruiu uma ruína e fez a sua 2ª habitação e um pequeno turismo local. Aconselho este local para pernoitar, é encantador! (Algarviana Cottages, email: [email protected])
laranjas e mais laranjas... muitas pelo caminho fora!
As amendoeiras em flor ladeiam o caminho, num cenário natural cheio de flores!
São Bartolomeu de Messines situa-se praticamente no centro do Algarve. A vila é antiga, onde muitas das casas datam do século XVII e ainda ostentam cantarias de pedra. Esta povoação encontra-se no sopé da encosta sul do Cerro Penedo Grande, junto à serra do Caldeirão.
Etapa 9: S.B.Messines - Silves
Esta etapa da Via Algarviana inicia-se junto da Igreja Matriz, no centro da vila de São Bartolomeu de Messines.
O itinerário segue pela rua da antiga casa de João de Deus, poeta famoso na região, e atravessa toda a vila, até à estação de comboios.
Após o atravessamento da linha de caminho de ferro, no Bairro do Furadouro, o percurso desenvolve-se inicialmente num caminho entre muros, sendo limitado a Sul por zonas rurais e a Norte por floresta de sobreiral.
O itinerário segue pela rua da antiga casa de João de Deus, poeta famoso na região, e atravessa toda a vila, até à estação de comboios.
Após o atravessamento da linha de caminho de ferro, no Bairro do Furadouro, o percurso desenvolve-se inicialmente num caminho entre muros, sendo limitado a Sul por zonas rurais e a Norte por floresta de sobreiral.
A passagem por Barradas e depois o atravessamento da EN1079, antecede a chegada à serra, onde a paisagem muda significativamente. Aí, já com a Ribeira do Arade à vista, a Via Algarviana toma um caminho sempre ao longo deste grande curso de água, um dos maiores do Algarve.
Faltam 14 Km para chegar a Silves.
Paragem no parque de merendas da Barragem para repor calorias, fazer um capuchino e um pãozinho com queijo.
capuchino com vista:
Após a passagem sobre o paredão da barragem do Funcho, a Via Algarviana continua ao longo da ribeira do Arade, inflectindo mais adiante para o interior da serra. Até Enxerim o percurso desenvolve-se ao longo de um vale coberto de eucaliptos, onde é possivel encontrar pequenas lagoas ou barragens, hortas e pomares de fruta.
Chegada a Silves.
Etapa 10: Silves - Monchique
A 10ª etapa começa na cidade de Silves, outrora capital do Algarve, é banhada pelo Rio Arade e tem como principal elemento histórico, o castelo mouro, construído em taipa e pedra Grés-de-Silves.
O percurso inicia-se junto à ribeira do Enxerim, na estrada nacional, do lado oposto ao Moinho de Vento ali existente. Daí, dirige-se quase sempre para Noroeste, em direcção à Serra de Monchique.
O percurso inicia-se junto à ribeira do Enxerim, na estrada nacional, do lado oposto ao Moinho de Vento ali existente. Daí, dirige-se quase sempre para Noroeste, em direcção à Serra de Monchique.
O relevo é bastante sinuoso e a paisagem é dominada por extensos estevais e povoamentos de eucaliptos e pinheiros.
Junto das linhas de água, a flora é mais diversificada, surgindo várias espécies aromáticas, como rosmaninhos, tomilhos, entre outras. Neste trajecto, o caminhante irá passar por alguns montes agrícolas, nomeadamente Carapinha e Romano, hoje em ruínas.
Após várias subidas e descidas, a Via Algarviana aproxima-se da Ribeira de Odelouca, principal curso de água desta região.
Junto das linhas de água, a flora é mais diversificada, surgindo várias espécies aromáticas, como rosmaninhos, tomilhos, entre outras. Neste trajecto, o caminhante irá passar por alguns montes agrícolas, nomeadamente Carapinha e Romano, hoje em ruínas.
Após várias subidas e descidas, a Via Algarviana aproxima-se da Ribeira de Odelouca, principal curso de água desta região.
A passagem pela ribeira marca o início de uma caminhada até à Picota sempre em ascenção. O percurso começa a ganhar altitude e, em breve, a paisagem começa a mudar. À parte da presença regular de eucaliptal, o percurso dá ao caminhante vislumbres de magníficas panorâmicas sobre a serra a Sul e a Este, bem como do litoral.
Picota, o segundo ponto mais elevado do Algarve (774m).
Este é, talvez, um dos locais mais belos do Algarve.
Este é, talvez, um dos locais mais belos do Algarve.
Desde este ponto onde se encontra o marco geodésico, avista-se Monchique ao fundo, local para onde nos dirigimos e final da etapa.
durante a descida até Monchique:
Etapa 11: Monchique - Marmelete
Desde o centro de Monchique, empreende-se a viagem até ao Convento do Desterro, um dos elementos patrimoniais mais conhecidos desta vila. Neste local, o percurso converte-se num trilho estreito que mergulha num denso povoamento de eucalipto.
Até à Fóia, o percurso segue por uma estrada, na qual se tem uma magnifica panorâmica a Norte. A vegetação é dominada por densos
estevais, tojos, zimbros e, pontualmente, por adelfeiras, uma das plantas endémicas da Serra de Monchique. As antenas da Fóia assinalam o local mais elevado da Serra de Monchique e do Algarve (902m).
combustível para continuar a caminhar...
O percurso desenvolve-se posteriormente ao longo de um belo vale, onde ainda subsistem antigos terraços agrícolas.
Chegámos à Madrinha, onde está hoje instalado um parque eólico:
E finalmente Marmelete:
Etapa 12: Marmelete - Bensafrim
Apesar da longa distância que separa estas duas localidades (Bensafrim e Marmelete), esta etapa é uma das mais bonitas da Via Algarviana e de menor dificuldade.
Este itinerário atravessa uma zona bastante selvagem, longe da presença humana.
Curiosidade: Ao chegar a Bensafrim, encontramos esta réplica da Estela tumular da Idade do Ferro, cerca de 800 a 500 a.C., grafada em escrita do sudoeste. Trata-se de uma réplica pois o original encontra-se no museu da Figueira da Foz, para onde foi levada pelo arqueólogo que a descobriu. Pausa junto ao mercado de Bensafrim para tomar um cafézinho: |
Etapa 13: Bensafrim - Vila do Bispo
Daqui, dirige-se para Sudoeste, em direcção a Barão de S. João, uma das freguesias mais rurais do concelho de Lagos, onde a agricultura, em especial a biológica, está bem presente. A primeira fase da etapa desenvolve-se numa paisagem típica de barrocal, com densos matagais mediterrânicos, onde abundam carrascos, aroeiras, rosmaninhos, estevas, entre outras plantas arbustivas. Pinheiros mansos e sobreiros estão também presentes ao longo deste itinerário. O relevo é pouco acentuado e rapidamente o caminhante chega à aldeia.
Contraste entre o antigo e o moderno:
Etapa 14: Vila do Bispo - Cabo de S.Vicente
E chegou a última etapa desta travessia.
Confesso que apesar do cansaço acumulado, sinto uma energia extra para chegar até ao Cabo de S, Vicente.
Este percurso da Via Algarviana desenvolve-se em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma das áreas protegidas do país.
Confesso que apesar do cansaço acumulado, sinto uma energia extra para chegar até ao Cabo de S, Vicente.
Este percurso da Via Algarviana desenvolve-se em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma das áreas protegidas do país.
Terminámos os 300Km da Via Algarviana! :)
Cabo de S. Vicente:
Cabo de S. Vicente: